7/25/2007

Matemos em busca da medalha de ouro!

Sei que ando em falta, mas hoje eu realmente senti vontade de escrever. Esses tempos tenho escrito coisas para mim, senti a necessidade de ser um pouco egoísta com o poder da palavra escrita. Acho que precisava de um tempo que as minhas palavras fossem apenas minhas.
Hoje, porém, sentei na cama para ler a Caros amigos desse mês, como nova assinante que sou, e já na primeira matéria senti um rebuliço. Sensação essa que não sei se veio da estudante universitária ou do ser humano que sou, se é que as duas das muitas partes conseguem se distinguir no turbilhão de elementos que constituem a alma humana.
Parando a enrolação, o texto que me despertou o olhar observador foi o de Mariane Felinto ,onde ela aborda alguns aspectos que fazem tremar a atual formação dos jovens de classe média.
Diante dele, pensei: Porque será que uma discussão tão calejada toma forma e proporção toda vez que jovens de classe média cometem atos como o espancamento da empregada Sirlei Dias de Carvalho Pinto, na Barra da Tijuca? Procurei me lembrar de atos corriqueiros, e percebi que se as pessoas prestassem mais atenção as atitudes rotineiras não se espantariam tanto.
Não estou aqui dizendo que atos desumanizadores como este não devem nos deixar escandalizados ou perplexos. O que invadiu a ligação dos meu neurônios foi perceber que apenas essas ações nos estarrecem mesmo sendo denunciadas todos os dias, antes mesmo de acontecer.
A caminho do Farol da Barra, no ônibus que há muito não entrava por ter feito uma cirurgia recente, percebi o quanto a maioria é mal-educada e porca: Desconcertante. No vai e vem da condução, fui reparando em perfis diversos que em sua maioria pessoas limpas, muito bem asseadas, mas com atitudes e pensamentos porcos.
Papéis de bala jogados pela janela, xingamentos verbalizados pelo simples fato de ocuparem o mesmo espaço, rostos virados enquanto um senhor doente clamava por ajuda... Egoísmo: é isso que vêm educando os filhos da nossa pátria. Pátria essa que sente orgulho e se veste de verde e amarelo para ganhar medalhas de ouro.
E não é isso o que importa? Ganhar! Mas, de onde vem esse ganho? De uma alma vazia e ansiosa por seus 15 minutos de fama, que nunca saciam a necessidade do poder? Esse ganho de nada vale.
Também de nada vale observar e pensar nessa terra em que governa o ouro dos tolos. Por isso, vamos torcer pelas medalhas proporcionadas pelos 4 desvios de verba do Pan rio 2007 e pelo descompromisso do mesmo com a inclusão social através do esporte! Vamos aclamar com fervor o consumismo, a inquestionável importância do corpo sarado e a ordem, assim como o progresso.
E antes de que me julguem uma hipócrita e sonhadora estudante de jornalismo que deseja mudar o mundo, convoco os jovens da classe "A" brasileira para enterrar as putas, os pobres, os assassinos, os ladrões, as bichas, os delinqüentes, os desqualificados e os anormais com o objetivo de ganhar a medalha de ouro de que tanto sonham. Porém, adverto a juventude rica e educada para o fato de que o prêmio, dessa vez, não será pelo salto da ginástica nem pela partida de vôley. E sim, por salvar da sujeira incômoda a pátria que me pariu.
Venham, será um bom negócio!
A minha única exigência é que me enterrem antes, para que eu não afunde na mesma terra em que descansa o grande bem-feitor, o grande político que foi o Senador Antônio Carlos Magalhães, vulgo Toninho Malvadeza, hoje um santo.