4/25/2006

Síndrome da paixonite aguda

As minhas amigas sempre falam: cuidado,o amor é cego! É comum perceber que o ser amado não é nada daquilo que achamos ser quando estamos "in love''.
As mãos suam,as pernas tremem,o rosto fica rosado, os pensamentos se confundem e os olhos se fecham.Tá,tudo bem,os olhos fecham,os ouvidos se enchem de cera e você se torna uma criança extremamente feliz e abobada.Isso é absolutamente comum,chegando a ser monótono.
Quando esse estado de abestalhação se torna evidente,a gente sabe o que fazer,pois não há o que ser feito.Sim,porque já estamos acostumados a ficar cegos.Isso porque chega uma hora em que nos libertamos da venda e enxergamos aquela pessoa, antes posta num pedestal, de forma nua,e os defeitos dela passam a ser motivo de cura para a paixonite aguda.
Mas, e quando surge uma situação nova misturada à essa síndrome?????????O que me deixou desesperada essa noite foi descobrir que a minha paixonite aguda é uma anomalia da raça das anomalias.Sim,isso mesmo.Sendo a paixonite aguda uma anomalia corporal e psicológica de fundamentos sociológicos,eu consegui a proeza de abrigar uma anomalia dessa anomalia.
Calma, nada é tão complicado como parece. Na realidade é desesperador.Eu descobri que a cura da paixonite aguda tem efeito inverso na anomalia da anomalia que eu possuo.Na verdade,eu enxergo os defeitos, eles me incomodam,me enraivecem,me mostram que o ''traste'' amado não é nada perfeito ,mas ele permanece no pedestal.Será que ele comprou essa vaga de rei do meu coração?Impossível, não pode ser :ELA NÃO ESTÁ A VENDAAAA!!!!!
Meu deus, isso é mais desesperador ainda:como eu posso estar tão doente a ponto de ficar com a doença da doença e ainda por cima de graça???SOCORROOOOOOO....Isso está confuso.Na verdade essa é uma característica da paixonite aguda original: confusão de pensamentos (tá,eu sei que eu já falei isso.Repeti só para tentar convencer vocês de que eu não sou tão anormal assim).
É, talvez alguns que sofram dessa doença estejam entendendo.Talvez eles percebam o quanto eu quero me curar.Talvez alguns percebam a mistura de amor e ódio que reina em meu peito toda vez que eu ouço o nome dele ou o vejo chegar, lentamente, mesmo que em pensamento.
É,acho que estou ficando mais calma , já que nesse momento ele me abraça e me mostra que está tudo bem , que tudo vai dar certo.Eu não consigo abrir os olhos.
Por que será que eu amo até os defeitos dele?Talvez eu realmente não saiba o que estou dizendo.
A incerteza do talvez,isso é o que me incomoda.Será que ele não percebe que alimentá-lo é me matar aos poucos?Na verdade ele nãp pode perder o troféu que tem em mãos. A dor não me faz chorar, a verdade insiste em se esconder, a ilusão pisca me chamando a atenção e me envolvendo ao mesmo tempo.
A impulsividade as vezes me move ,mas quando sonho entendo:prefiro o sorriso dele nos meus sonhos do que suas lágriamas a molhar meu corpo.Por isso é que sigo assim,na corda bamba, sem entender quem manda e desmanda no desabrochar da rosa rosa que treme o sangue vermelho ,terno, das veias do meu corpo que cegam e me levam para um caminho que eu não sei se tem volta .Tentei marcá-lo, mas os passarinhos comeram os chocolates jogados.
Por que será que ate as pedras são doces ?não entendo,nem sei se vou chegar a entender.Só sei que as minhas amigas sempre falam :cuidado,o amor é cego !

4/21/2006

COLUNA DE QUINTA - Dentro e fora da corda

É inegável a pluralidade da maior festa de rua já existente.Salvador se agita e sacode através da música e do pulo da multidão.
O comércio dos abadás nessa época do ano é estrondoso.Como numa feira livre,baianos e turistas negociam o preço da alegria.No estacionamneto do Aeroclube Plazza Show ,situado na Boca do Rio,Jhon Rainey ,empresário americano declara:"My family all goes to leave with Chiclete com Banana.I do not go even so for my parents while not to buy everything for the year that comes"(Minha família toda vai sair com o Chiclete com Banana .Não vou embora para o meu país enquanto não comprar tudo para o ano que vem ).
Os blocos desfilavam lotados no circuito Barra-Ondina.Enquanto atrações famosas e trios independentes dividiam o "palco",os foliões vibravam numa alegria nunca antes vista,que fazia a difrença de raça, cor ,credo e classe social desaparecem em meio às músicas e às fantasias coloridas.
Essa impressão se desfaz na declaração da catadora de lata Ivanilce Santos Silva, 53 anos: "Já perdi 3 filhos durante o carnaval.Já me diverti muito com os artista cantano,mas depois que um gringo levo minha filha de doze ano só saio na rua pa cata lata porque se não morro de fome".
Enquanto a Timbalada passava,o "pau comia",. Ana Flávia Garcia Mendonça pulava e gargalhava com suas amigas ,delirando com os gritos de Ninha ,cantor da sua banda preferida.Ela disse que não sabia quanto a mãe tinha gasto para que ela pulasse esse carvaval de 2005,só sabia que ia sair em 3 blocos diferentes.Disse ainda que :"Minha mãe disse apenas pra eu tomar cuidado.Ficar sempre perto das minhas amigas,não beber nada do copo de desconhecidos e só sair de dentro da corda para entrar no táxi,ela chegou a me encher o saco com isso."
A pluralidade é grande , mas as diferenças também.O carnaval hoje se divide em foliões dos blocos e pipoca.Essa separação não faz parte da tradição carnavalesca.Antigamente ,na época dos nossos pais , todos bricavam nas ruas,curtiam sem medo,se divertiam perfumando as ruas e cantando marchinhas divertidas ,celebrando a alegria.O carnaval hoje se tornou uma festa elitizada e fechada ,sendo daqui a algum tempo impossível abranger a alegria e a diversidade ,símbolos da folia momesca.
"A corda separa os pagantes dos não pagantes,é apenas um instrumento de controle ,não é um instrumento de discriminação",alega Vitor Freitas Fernandes,18 anos.Enquanto Ana Flávia pedia ao segurança do bloco que tirasse um ambulante que atrapalhava sua diversão,Ivanilce implorava a cerveja vazia da menina.


4/16/2006

MENINO DO RIO

Mundo,verdade,ilusão.As coisas são como você vê ou como você sente?.
Ele era uma criança que queria,apenas,ser gari para limpar a sujeira que as pessoas mal-educadas jogavam nas ruas.Pequeno,gordo e brincalhão ,ele nada combinava com o paletó que sua mãe costurava enquanto dormia:todas as noites ela sonhava que seu filho seria "adevogado".
Mas o menino não desistia.Continuava a sonhar com o macacão cheguei e com a vassoura que , para ele, era a arma de um guerreiro que podia mudar o mundo.
Enquanto caminhava pelo morro onde vivia,os seus amigos tentavam fazê-lo enxergar a sua verdadeira profissão.Para aqueles meninos que,impedidos de sonhar,trocaram as pistolas de água por armas de fogo, o gorducho não teria outro destino.E era assim que ,toda vez que brincava com seus amigos ele chorava e logo depois dormia,crescendo e limpando toda a sujeira que saía da boca daqueles moleques.
Saber qual a "verdadeira verdade" é uma tarefa que limita e mata os sonhos ,pois sonhar é quebrar os limites da sanidade.O problema surge a partir do momento em que o imaginário sai e controle ,ou melhor,passa a ser controlado ,invadindo e detonando nossos ideais e os sentimentos puros(naturais do ser humano).
O tempo foi passando,e o menino gordo emagreceu.Chorar ?Não.Ele não chorava mais,mas continuava a sonhar.A diferença é que agora o produto comercializado por seus amigos é que o faziam lembrar da sua vontade de limpar o mundo.Sim,ela ainda existia,mas ele não confiava mais nela.
Os pensamentos são relativos, a vida é relativa.Tudo é de cristal e se quebra a cada tentativa de aterrisagem.Por que será que a realidade machuca e eleva sentimentos profundos e irreais?A pergunta ,na verdade, está dentro de nós (ou não).
Foi num dia ensolarado e alegre que a sua mãe lhe pediu para que ele se tornasse gari.De repente o menino chorou,e no dia do seu aniversário queria apenas dormir.Dormiu de arma em punho,e sua vassoura limpou toda a poeira que o impedia de ,como quando criança,acreditar nos seus sonhos.
Não é precso voar para tirar os pés do chão,mas é preciso dormir para viver o real.Acreditar que os sonhos são irreais é o memso que pensar que o futuro a Deus pertence.Na ficcção ou na realidade:"Navegar é preciso,viver não é preciso".
Foi assim que o menino do Rio seguiu forte ,robusto e mostrou aos seus amigos que as coisas podem ser diferentes,basta esquecer a realidade e sonhar.É preciso parar de ser levado pelo óbvio e transformá-lo,foi assim que a eterna criança conseguiu limpar ,pelo menos no morro onde vivia,a fumaça e o lixo produzidos por ideais apodrecidos,estimulando a busco pelo irreal peso da fé.
É assim,através da incessante busca pelo real que nós,rebanho de almas confusas, mergulhamos cada vez mais na realidade ilusória ,aprendendo a acreditar que continuamos no caminho certo.A reflexão é o caminho,mas não a solução, o importante é acreditar que um dia o nosso sono será mais profundo e conseguiremos tirar do irreal a real solução.

4/11/2006

Garota de plástico

Ela podia ser confundida com uma atriz de Hollywood.Certamente o seu corpo rijo e a leveza dos seus movimentos sugerem certa fineza e glamour,aparntemente ela era intocável.
Sempre rodeada de uma multidão de almas ansiosas por uma palavra sua ou um gesto de interesse ,ela gargalhava e traduzia a alegria de um mundo triste e sedento por um futuro tão promissor quanto o seu .
Não foi através do suor ,pelo calor que fazia,que a sua maquiagem derreteu (por enquanto,ela não era tão humana a ponto de suar).Foi através do seu sorriso,o seu maior sinal de superioridade ,que eu enxerguei a denúncia.
Fraca ,fria e infeliz...Isso é o que ela era .As suas mãos tremiam,ela tinha vontade de sair correndo daquele ambiente cheio de criaturas esguias que a fechavam e ameaçavam comê-la numa só bocada.
Qual será o verdadeiro significado da vida para aquela menina maquiada que brilhava no escuro?
De repente,detive minha atenção nos seus pés,talvez tentando buscar a verdadeira direção dos seus olhos quase fechados.Não,ela não deveria usar aqueles sapatos...Havaianas seriam mais apropriadas .
Enquanto eu analisava com pena e curiosidade aquele pavão descolorido se levantar, os meus olhos continuavam a buscar seu olhar .Novamente,o local que deveria ser destinado às havaianas me instigava e me preocupava.Medo, isso foi o que eu senti quando seus passos sincronizados começaram a cruzar o pátio da faculdade.
Como num piscar de olhos os seus pés bambearam em cima do salto agulha,enquanto seu corpo se balançava num ballet estranho e angustiante.Depois da dança,cansada,ela dormia no chão com a cabeça apoiada na sua bolsa Louis Vutton que me custaria,no mínimo,uma vida para servir de travesseiro.
Intântaneamente o pátio se concentrou no sono glamuroso daquela bela adormecida ,enquanto uma multidão de homens e mulheres se insultavam pela posse do seu corpo e dos cuidados de que ela necessitava.
Chorei.Para mim,aquela gatora triste e sofrida havia desistido de lutar pela vida e escolhido a morte .Ela abriu os olhos,ela estava morta!Nós a matamos,o mundo a matou,as pessoas que mais a admiravam a mataram.
Ela não queria a fama,queria apenas a vida.

4/09/2006

A minha escolha

Me amedronta a possibilidade de participar do processo de formação da pessoas, me fascina o fato de poder levar a dúvida à sociedade.Escrever me completa e faz com que eu me sinta útil,e não mais uma no meio de uma multidão de almas ansiosas por um futuro melhor.
Sei que a responsabilidade trazida pela minha escolha é assustadora, já que passarei a servir à toda a sociedade, mas é justamente o desafio que me inquieta.
O jornalismo me fascina pelo fato de não apenas informar um fato,mas de mexer com os sentimentos, a ética e os valores do escritor e do leitor.
Questionar: Esse é o meu maior objetivo.Vivendo num país tão desigual e tão injusto, me revolta perceber que os jovens de hoje não são mais como os de ontem. O fato é que é muito mais fácil se acomodar, aceitar e fehar os olhos para a difícil realidade em que vive o país .Eu busco o difícil ,ou até mesmo o impossível.
Escrever sempre foi o meu refúgio, meu desabafo, meu alívio...Então por que não refugiar, desabafar e aliviar também todo o país, ou melhor, o mundo ?
Pode ser sonho, pretensão, ilusão.Não sei ao certo se serei bem suicedida na minhas expectativas.Sei apenas que a paixão pelas palavras,
a revolta diante da falta de valores e a vontade de mudar o mundo me fazem sorrir e acreditar que tudo é possível.
Os desafios são muitos, mas os sonhos também.Escolhi o jornalismo não por capricho,mas por paixão.
Quero sonhar, quero viver, quero falar e me mostrar para o mundo de forma útil e construtiva ,quero brilhar pelo que sou ,e não pelo que aparento ser.
Simplesmente: quero ser jornalista.